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RAPIDINHAS

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Existe algum organismo que seja metade vegetal e metade animal?

Normalmente, as plantas, entre outras características, são classificadas como seres vivos pluricelulares eucariontes que fazem seus próprios alimentos através da fotossíntese. Suas células possuem parede celular predominantemente celulósica, o que traz resistência e ao mesmo tempo flexibilidades às suas células.

Já os animais, são seres pluricelulares desprovidos de parede celular, não são capazes de produzir seu próprio alimento e assim sendo, precisam ingerir os nutrientes provenientes de outro ser vivo, seja planta ou animal. 

Dois Reinos bem definidos de seres vivos com muitas características distintas. Apesar das diferenças, será que existe algum ser vivo que seja metade vegetal e metade animal? Há alguma criatura que fica no meio do caminho entre os dois?

Bem, você nunca verá um ser vivo real, estilo Pokémon com corpo formato de sapo e outra parte do seu corpo uma flor, ou um ser vivo com corpo de árvore com folhas e raízes caminhando por aí (apesar de existirem árvores caminhantes). Mas existe alguns seres que apresentam associações que podem parecer metade um, metade outro, conheça-os abaixo:

Lesma do mar - Elysia chlorotica


Esta é Elysia chlorotica, um tipo de lesma marinha - leia mais sobre ela aqui-. Enquanto ela é inegavelmente um animal, a cor verde que você pode ver é devido aos cloroplastos, que normalmente são encontrados apenas em plantas e algas. Esta espécie come algas, mas extrai os cloroplastos e os mantém vivos e funcionais, e uma vez que os tem, pode obter muito de suas necessidades calóricas através da fotossíntese, como uma planta. 

Pesquisadores descobriram que, além dos cloroplastos, E. chlorotica pode ingerir outros genes fotossintéticos em uma transferência genética horizontal - um processo no qual os genes são transferidos entre organismos onde um não é descendência de outro. O gene HGT é muito incomum em organismos que não sejam bactérias, e faz com que as lesmas não só retenham as células de algas para si mesmas, mas as passem para seus descendentes também. Os cloroplastos roubados podem ser tão eficientes que estas lesmas podem viver até nove meses sem comer e ainda manter taxas nutricionais normais.

Mesodinium chamaeleon

Muitos animais se transformam quase que sem os reconhecermos no decorrer de suas vidas. As lagartas tornam-se borboletas e os girinos tornam-se sapos, e se não pudéssemos vê-los fazer isso, poderíamos nem mesmo suspeitar que as duas etapas eram a mesma criatura.

Por mais espetaculares que sejam estas metamorfoses, elas são apenas mudanças de forma. Um girino e um sapo são ambos animais, portanto ambos devem ingerir alimentos do seu entorno.

Mas para o Mesodinium chamaeleon não. Este ser unicelular é uma mistura única de animal e vegetal.

M. chamaeleon é um ciliado - um tipo de ser microscópico que possui centenas de minúsculos "pêlos" chamados cílios. Foi descoberto na baía de Nivå na Dinamarca por Øjvind Moestrup da Universidade de Copenhague, também na Dinamarca, e sua equipe. Outros espécimes foram encontrados desde então nas costas da Finlândia e Rhode Island.

Ciliados são reconhecidamente protozoários que usam seus cílios capilares para se locomoverem rapidamente na água. A maioria obtém seus alimentos comendo outros organismos, ao invés de sintetizar os próprios nutrientes. Isto os marca como bastante semelhantes a animais.

Algumas espécies de Mesodinium são diferentes, porém. Eles envolvem outros microrganismos, geralmente algas chamadas criptomonas (ou criptófitas). Os dois seres então formam uma parceria: as algas produzem açúcares por fotossíntese, enquanto o Mesodinium as protege e as transporta por aí.

Uma dessas espécies, M. rubrum, só come algas vermelhas e é frequentemente encontrada em algas que formam as famosas marés vermelhas.

M. chamaeleon absorve células de algas, assim como M. rubrum, mas não as mantém permanentemente. Tampouco as digere imediatamente, como algum outro ser heterotrófico faria. Ao invés disso, as células permanecem intactas por várias semanas antes de serem decompostas, durante as quais continuam produzindo açúcar por fotossíntese. M. chamaeleon também muda de cor, dependendo se está hospedando algas vermelhas ou verdes ou ambas.

A capacidade de captar outras células e colocá-las em funcionamento é chamada de endossimbiose, e foi um dos fenômenos mais importantes na história da vida. Há cerca de 2 bilhões de anos, uma única célula engoliu uma bactéria e a utilizou como fonte de energia. Os descendentes da bactéria engolida acabaram se tornando as mitocôndrias que agora alimentam todas as células complexas, inclusive as nossas. Sem endossimbiose, não haveria vida multicelular.

Embora a primeira endossimbiose possa ter sido uma chance de sorte, o processo agora parece ser comum, pelo menos entre os organismos unicelulares mais complexos. Alguns são tão bons em acolher células que ao longo dos anos trocaram simbiontes. 

Corais e anêmonas-do-mar

Corais e anêmonas, que são animais, formam uma parceria simbiótica com algas fotossintéticas baseada na troca de nutrientes: o hospedeiro recebe açúcar das algas, as algas recebem nutrientes e exposição consistente à luz solar do hospedeiro. Esta relação pode quebrar sob condições estressantes, um fenômeno conhecido como "branqueamento", que, no caso dos corais tropicais, pode levar rapidamente à morte do hospedeiro. Embora formem uma parceria, cada parceiro tem um ciclo de vida independente, com diferentes taxas de reprodução e migração. 

Bônus - Clorofila e Hemoglobina

Se você analisar a molécula de clorofila, o principal pigmento fotossintético, seu átomo central é o magnésio. Insira um átomo de ferro e você praticamente terá hemoglobina, a principal proteína do nosso sangue.


Halogêneos como o cloro têm fome de elétrons e se ligam a todo tipo de coisa, como aquele magnésio para fazer MgCl, que é um nutriente muito proeminente no corpo, sem mencionar todos os fitonutrientes que nosso corpo precisa e contém. Tecnicamente, todos nós, assim como fungos, bactérias e outros seres, apesar de sermos de distintos grupos biológicos, temos várias características comuns, pois derivamos de uma única árvore da vida, assim como prediz a Teoria Evolutiva.

Por: Jonathan Pena Castro

Fontes:

12, 3





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