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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Usamos apenas 10% do nosso cérebro?

É uma das partes favoritas da pseudociência de Hollywood: os seres humanos usam apenas 10% do seu cérebro e quando despertam os supostamente adormecidos 90% restantes, são capazes de destrezas mentais extraordinárias. Em Phenomenon (1996), John Travolta ganha a capacidade de prever terremotos e aprende instantaneamente línguas estrangeiras. Scarlett Johansson torna-se um super-poderoso mestre de artes marciais em Lucy (2014). E em Limitless (2011) Bradley Cooper escreve um romance da noite para o dia.


Este pano de fundo já pronto e conhecido para filmes de fantasia é também um dos favoritos do público em geral. Numa pesquisa, 65% dos entrevistados concordaram com a afirmação: "As pessoas utilizam apenas 10% do seu cérebro diariamente". Mas a verdade é que usamos todo o nosso cérebro a todo instante.

Como é que sabemos disso? Primeiramente, se precisássemos apenas de 10% do nosso cérebro, a maioria das lesões cerebrais não teria consequências perceptíveis, uma vez que as lesões afetariam partes do cérebro que não estavam fazendo nada, para começar. Sabemos também que a seleção natural desencoraja o desenvolvimento de estruturas anatômicas inúteis: os primeiros seres humanos que dedicaram recursos físicos escassos ao crescimento e manutenção de enormes quantidades de tecido cerebral em excesso teriam sido derrotados por aqueles que gastaram esses preciosos recursos em coisas mais necessárias para a sobrevivência e o sucesso reprodutivo. Sistemas imunitários mais duros, músculos mais fortes, cabelo mais bonito - praticamente tudo seria mais útil do que ter uma cabeça cheia de tecido inerte.

Também conseguimos apoiar estas conclusões lógicas com provas concretas. As técnicas de imagem, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a ressonância magnética funcional (fMRI), permitem aos médicos e cientistas mapear a atividade cerebral em tempo real. Os dados mostram claramente que grandes áreas do cérebro - mais de 10% - são utilizadas para todo o tipo de atividade, desde tarefas aparentemente simples como descansar ou olhar para imagens até tarefas mais complexas como ler ou fazer contas. Os cientistas ainda não encontraram uma área do cérebro que não faça nada.

Então como é que chegamos a acreditar que 90 por cento do nosso cérebro é inútil? O mito é muitas vezes incorretamente atribuído ao psicólogo William James, do século XIX, que propôs que a maior parte do nosso potencial mental fica inexplorado. Mas ele nunca especificou uma percentagem. Albert Einstein - um ímã para a atribuição incorreta de citações - também foi considerado responsável. Na realidade, o conceito mais provável veio da indústria americana de auto-ajuda. Uma das primeiras menções aparece no prefácio do mega best-seller de Dale Carnegie de 1936, How to Win Friends and Influence People (Como ganhar amigos e influenciar as pessoas). Desde então, a ideia de que aproveitamos apenas uma fração de todo o potencial do nosso cérebro tem sido um ponto de partida para gurus motivadores, mafiosos da Nova Era e argumentistas pouco inspirados.

Obviamente, esta é uma má notícia para qualquer pessoa que espera encontrar o segredo para se tornar um gênio da noite para o dia. A boa notícia, no entanto, é que o trabalho árduo ainda funciona. Há razões de sobra para acreditar que se pode desenvolver o cérebro trabalhando regularmente em tarefas mentais desafiantes, como tocar um instrumento musical, fazer aritmética, ou ler um romance.




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